Contactar com a natureza nos rios, montanhas, florestas e mares é contactar com a minha própria natureza. Superar vales e montanhas são superações das minhas imperfeições e dúvidas.
Mergulhar nas minhas questões, aprofundar nas feridas e dores da minha alma, é emergir deste oceano de águas límpidas.
Escalar montanhas é transcender e ascender por cumes pedregosos e áridos das crises que a vida sempre me apresenta.
Aceitar a minha natureza me permite aceitar a realidade tal como ela é, nem mais bela ou feia, apenas real e palpável. Às vezes bruta, outras gentil e muitas vezes indomável. Seus ciclos são perfeitos como os meus.
É próspera e abundante em frutos e raízes que alimentam e nutrem minha alma, curando a fome e carência do meu espírito tão necessitado e faminto.
Estar em ti me promove a solitude necessária para estar comigo mesma, com minhas necessidades, frustrações e devaneios.
A natureza não passa a mão em minha cabeça, entregando tudo de bandeja, mas me ensina o essencial: sobreviver nas secas, nos invernos escassos e nas noites frias. Torna-me forte como toda mãe deveria, me ensina a buscar recursos e a armazenar nos tempos escassos.
Mãe Terra és tão sábia e generosa, me acolhe em tuas cavernas, me abriga nas tuas folhagens, me fortalece a musculatura nas suas montanhas, me irriga com suas águas curativas e me presenteia com suas ervas e flores aromatizadas.
É tão perfeita que se recompõe, vivo em ti e nem sempre valorizo a tua grandiosidade. Sou eu e não você que não sobreviveria sem minha existência.
Grata por ser esse local sagrado que permite que eu exista, manifeste e vivencie minha jornada. Gaia me abençoe para que eu possa florescer, frutificar e morrer em teus amorosos braços.
Quero morrer e decompor nos teus domínios naturais. Que eu seja adubo para as próximas gerações…