Mais um feminicídio dentro de mim.
Aborto mais uma versão de mim mesma, numa dor visceral.
Efêmero pulsar que nem chegou a tornar-se vida.
Foi executada antes de ser parida.
Pedaço de mim extinta.
Como rebrotar e renascer numa nova vida, sem uma parte de mim?
Como alimentar novos projetos?
Como mergulhar nas profundezas uterinas rompidas e parir luz a partir destas trevas?
Como sanar e cicatrizar, ressignificando essas histórias?
Um respiro…
Uma exalada…
Piro…não piro…
Solto, entrego, confio e agradeço.
Me esvazio das minhas certezas para me preencher de novas verdades.
Choro ao ombro amigo do meu amigo/companheiro/esposo.
Remodelo minhas expectativas, projeções.
Desnuda de razões, pretensões, julgamentos, tensões.
Me afasto, renuncio, solto novamente, entrego e me entrego.
Renasço…preencho…transbordo…recrio….